quarta-feira, 6 de junho de 2012

- Histero o quê?

- HIS-TE-ROS-SAL-PIN-GO-GRA-FI-A!!!

Foi a resposta da médica ao me passar a requisição deste quase impronunciável exame. É um ótimo exercício de trava-língua, experimente falar três vezes seguidas!

O nome do exame, bem verdade, não foi o  primeiro nem o último dos meus problemas. Já descrevi em post anterior a saga que precisaria passar após a primeira consulta séria com uma gineco/obstetra (G.O.). Também disse que, a depender dos resultados dos primeiros exames, outros viriam. Pois é, vieram. E veio outra médica também, porque a primeira deve ser médica de Cláudia Leite, pois estava muuuito difícil de marcar um retorno e a minha paciência com ela se esgotou. Afinal, cada mês é precioso pra quem está tentando engravidar, estou errada? E se ela tá ocupada assim agora, como vai ser quando eu estiver "de barriga"? Então, com referências de duas amigas, fui à nova G.O. e levei o resultado dos exames solicitados em fevereiro (!) pela outra. Sim, tudo certinho com os 47  (lembram?) exames realizados no laboratório e com os demais (santo plano de saúde, Batman!). Por  estar tudo bem conosco naqueles exames básicos, passaremos à FASE II, onde outros mais detalhados serão pedidos pra garantir que anatomicamente a gravidez também será possível sem intervenções.

Imagem aqui

Definição copiada no site http://bebedeproveta.net/histero.htm :
O que é o exame
A histerossalpingografia nada mais é do que um raio-x contrastado da cavidade uterina e de suas tubas. Ele é realizado em série, com a injeção de um líquido (contraste iodado) através do orifício do colo do útero, com o auxílio de um catéter (sonda) fino. É um dos exames mais antigos existentes na rotina da investigação do casal infértil, sendo utilizado há praticamente um século. Apesar de tão antigo, ainda é o melhor para avaliar a anatomia das tubas uterinas, não existindo outro exame que possa nos dar a mesma qualidade de informação sobre esta estrutura. A histerossalpingografia tem como principal objetivo avaliar a morfologia das tubas uterinas e, através desta análise, inferir sobre sua função reprodutiva. Pode também oferecer dados sobre a anatomia uterina, como a presença de mal-formações Müllerianas (útero bicorno, unicorno, septado etc), presença de pólipos ou miomas e sinéquias uterinas. O resultado do exame é um verdadeiro divisor de águas entre os tratamentos. Se estiver normal, os tratamentos podem ser de menor complexidade ("in vivo"), mas caso tenha alterações, devemos partir para os procedimentos mais complexos ("in vitro"). 


"A histerossalpingografia nada mais é...". Nada mais é? Hunf! Tá de brincadeira, né?

E começa a novela. Aprendido o nome e o significado da histerossalpingografia (histero, para os íntimos), entramos no capítulo "Marcação do Exame". Um drama! Momento tenso: ligo pra todos os lugares que a médica indicou e, um a um, quase todos dizem que não fazem mais ou não tem agenda para os próximos 3 meses. Por último, encontrei um que marcava, mas, mesmo a clínica atendendo pelo meu plano de saúde, este exame só é feito por particular pela bagatela de R$1.000,00. Ferrou! Recorri à net e achei um comentário de um blog onde uma garota diz que fez em Feira de Santana (a 120 km de Salvador). Liguei e procurei saber se aceitava pelo plano e se tinha vaga e, pra minha (boa) surpresa, tinha!!!! 

Fui futucar mais sobre a histero na net e vi que muitas mulheres reclamam da dor sentida durante o exame. Isto ocorre devido ao rompimento de pequenas obstruções que cedem à passagem do cateter e do contraste, então, digamos que é uma "dor do bem". Apesar da desobstrução não ser o objetivo do procedimento, é grande o número de mulheres que engravidaram na primeira ovulação após realizarem a histero justamente por essa, digamos, limpeza. Aconteceu inclusive com uma amiga minha que teve que ir a Aracaju  (pasmem!) pra fazer o disputado exame. Gustavinho fará um ano no próximo mês. Viram aí? Dor do bem!


Então, tá! Vamos aguardar o próximo ciclo pra fazer a histero. Coragem!

sábado, 19 de maio de 2012

Mini-blog de papel - Parte IV

Dos primeiros óculos ao primeiro sutiã!



"09/02/90
Querido Diário

Eu tenho uma novidade pra você: 
Eu vou usar óculos, um óculos azul, eu não sei se vai ficar bem em mim, mas tudo bem.
Tenho miopia e vou usar o grau 1,25.
Mudando de assunto, desde o ano passado, já passou o Natal e o Ano Novo e eu nem escrevi você.
Vai começar as aulas dia doze de fevereiro."
(desenho de óculos, presente de Natal e livro aberto)

Eu me lembro que achava um charme as pessoas usando óculos, achava que era coisa de adulto e, CDF do jeito que eu era, desfilar de óculos firmaria a minha imagem de inteligente, já que não me achava bonitinha, esse era o papel de outras garotas da minha turma.





"27/02/90

Querido Diário

Já começaram as aulas e eu já comecei a usar óculos.
Hoje já é terça-feira de Carnaval e eu não pulei e nem brinquei, mas eu fui para o sítio e fui domingo e ontem para a praia.
Amanhã vai fazer uma semana que eu estou usando óculos. Até que não é tão ruim.
Entraram na escola muitas meninas e meninos e eu já simpatizei com quatro delas: Luísa, Mônica, Érica e Patrícia.
Tchau"

Olha, "não pulei e nem brinquei" Carnaval naquele ano. Jesus! A pré-pré adolescente queria o quê? Sair no Camaleão? Naquela época não existiam os blocos infantis que existem hoje, mas não tardaria a tornar isso uma realidade, pois um ou dois anos depois tia Inez já começaria a nos levar (eu e um monte de outros primos) para um camarote na Barra. Muita coragem, viu? Valeu, tia!!!!

Esse foi o último ano letivo que eu e Ronei estivemos na mesma sala de aula. Meu futuro grande amor, que, naquela época, não passava de mais um dos chatos dos meninos!




"07/03/90
Querido Diário

Entrou no dia 5 uma nova colega minha. O nome dela é Jaqueline, ela tem dez anos e é quase do tamanho de Andréa, aquela que eu botei uma foto no dia 28/07/89.
Desde ontem eu estou usando sutiã, diário, mas, voltando ao assunto, Jaqueline não é tão legal quanto Mônica e Luíza.
Bem, eu já vou parando por aqui porque eu tenho que estudar e ajudar minha mãe e meu pai na venda.
Tchau. Mil beijos."

Gente, sério, morro de rir antes de me concentrar e comentar sobre essas páginas do meu primeiro diário. E fico feliz por tê-lo escrito e guardado, pois traz de volta essas lembranças, emoções tão pueris. Amo!

A "Andréa" era a minha melhor amiga da escola, ou, como diriam as meninas de hoje, minha BFF (Best Friend Forever), mas deixo esse assunto para um outro post.

Notem a timidez do comentário: "Desde ontem eu estou usando sutiã, diário, mas, voltando ao assunto, Jaqueline...". É um pequeno arrependimento de ter revelado tal intimidade, porém seria impossível não contar essa notícia tão importante para um amigo mudo discreto. 

Um medo das mudanças apodera-se, então, da pequena criatura, que começa a desabrochar para as coisas de um mundo desconhecido. E seria só o começo...

domingo, 13 de maio de 2012

O sumiço de todas as mães

Como ficaria a nossa vida se um dia todas as mães do mundo sumissem? Quem assopraria as nossas feridas pra sarar? Quem nos faria o mais calmante leite quente do mundo inteiro? Quem nos abrigaria no mais confortável colo de todo o universo, afagando os nossos cabelos e nos dizendo que tudo vai ficar bem? Ah, os maravilhosos pais que nos desculpem, mas hoje a homenagem é para aquelas que são o nosso primeiro pensamento quando estamos em apuros: AS MÃES!

Imagem aqui

Hoje foi um dia atípico para mim, passei o segundo domingo de maio afastada de minha mãe. Não pude (nem os meus irmãos) viajar para vê-la, por motivos diversos. Foi estranho, fez falta. O que me consola é que essa ausência não foi por motivo de doença e que em três dias estarei enredada nos seus braços macios e dizendo pessoalmente que a amo.

Mesmo crescidos, mesmo adultos, não é fácil definir o significado dessas três letrinhas, M Ã E. Talvez mais do que na época em que fazíamos cartõezinhos com rosas e frases com caligrafias sofríveis que declaravam todo o nosso amor. Sei, mamis, que foi difícil pra você não nos ter por perto hoje, mas estávamos juntinho do seu coração, acredite.

Então, queridos leitores, esse post é pra que a gente reflita no quanto essas criaturas tiveram que se modificar para serem melhores exemplos para nós, seus filhos. Quantas vezes elas tiveram que vencer a si mesmas, vencer seus medos, superar os seus limites pelo simples desejo de nos verem felizes. Quanto de seu tempo nos dedicaram para que aprendêssemos a andar, a falar, a escrever, a sonhar? Quanto do que nós somos hoje deve-se à presença delas nas nossas vidas?

Uma resposta que demonstra uma pequena parte do quanto D. Carminha foi importante pra mim está aqui.

Sei que o domingo está acabando, mas vale fazer o exercício. E se sua mãe sumisse com você ainda pequenininho, o quanto do que você é hoje não existiria?

terça-feira, 1 de maio de 2012

Cenas de filmes que me fizeram balançar na frente de uma tv de tubo

Já comentei sobre como os "Pulantes" são incapazes de caminhar por um certo período sem saírem da rota ou do ritmo com saltinhos e danças inesperadas. Falei também sobre as minhas aptidões como dançarina (e imitadora de macaco!). Pois bem, nos anos 80 e 90, quando me era permitido pular sem censura, alguns filmes com cenas de dança se tornaram clássicos e também tiveram sua parcela de contribuição para dar asas à minha imaginação. 


Imagem aqui 

Então este é o Top Five (mentira, é o Top Six!) das músicas de filmes que me fizeram sair do sofá e balançar na frente do velho televisor de tubo assistindo às Sessões da Tarde.

Flashdance - Lançado em 1983, com Jennifer Beals interpretando a protagonista Alex, uma jovem que sonha tornar-se bailarina e rala pra caramba pra conseguir. Este filme recebeu vários prêmios, inclusive o Oscar de melhor canção original em 1984, além de vários outros como Globo de Ouro e Grammy no mesmo ano. A trilha sonora foi realmente um sucesso, vendeu 20 milhões de cópias (em LP, sem pirataria!!!)
Gostei tanto de Flashdance que ele rendeu duas músicas nesse meu Top Five, transformando-o em "Top Six". Confesso que ainda hoje me emociono com a cena de Alex correndo pela rua após o teste da escola de dança que ela tanto se esmerou pra fazer.

1    "Flashdance...What a Feeling" (Giorgio Moroder, Keith Forsey, Irene Cara)
interpretada por Irene Cara



2     "Maniac" (Michel Sembello, Dennis Matkosky) interpretado por Michael Sembello

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Footloose - Ritmo Louco - Lançado em 1984,  Kevin Bacon é Ren McCormick, um jovem recém-chegado a uma pequena cidade onde, por causa da morte de um jovem, as danças foram banidas. Ren, contudo, não se dá por vencido e faz de tudo para realizar um baile de formatura. 

3    "Footloose" (Kenny Loggins, Dean Pitchford) interpretada por Kenny Loggins (o rei das trilhas sonoras dos filmes dos anos 80)
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Grease - Nos Tempos da Brilhantina - Filme musical de maior arrecadação de bilheteria dos EUA (U$$ 360 milhões). Lançado em 1978 e ambientado nos anos 60, conta a estória dos jovens Danny (John Travolta) e Sandy (Olivia Newton-John) que se apaixonam no verão, mas se separam com o fim das férias, trocando juras de amor. Porém quis o destino que eles fossem matriculados no mesmo colégio no ano seguinte. Dando uma de durão, Danny despreza Sandy, daí temos o desenrolar da trama (parece que dos anos 60 pra cá os homens não evoluíram muito nessa questão de relacionamento). 

4    "Summer Nights" (Warren Casey e Jim Jacobs) interpretada pelos protagonistas.

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Dirty Dancing  -  Ritmo Quente - Um instrutor de dança e uma hóspede de um resort se envolvem em um romance proibido. Com Patrick Swayze como Johnny Castle e Jennifer Gray como Frances Houseman (Baby). Apesar do filme ter sido lançado em 1987 ele se passa em 1963. Os funcionários do resort se encontram todas as noites pra dançar escondidos do patrão, que proíbe a prática, e Baby sai escondida do quarto para dançar com eles, substituindo a dançarina principal numa apresentação, pra contrariedade de seu pai, que fica fulo da vida!
Premiada como melhor canção original do Oscar e do Globo de Ouro de 1987, a "Time of my life" arrancou milhares de suspiros de mulheres que adorariam estar nos braços do Patrick (quem nunca? rsrsrs).

5    "(I've Had) The Time of my life" - (Franke Previte, John DeNicola, Donald Markowitz) interpretada por  Bill Medley e Jennifer Warnes


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BIG - Quero Ser Grande
Um garoto de 12 anos, cansado de ser esculachado pela garota que paquerava, faz um desejo num brinquedo (Zoltar) do parque e amanhece adulto. Muitas confusões, até um emprego e namorada ele arruma, sinal de que a mentalidade de um garoto não muda muito em duas décadas...

6    "Chopsticks" (sim, tocada em par, como os palitinhos orientais, essa valsa foi escrita por Euphemia Allen, sob o pseudônimo de Arthur de Lili, com apenas 16 anos)


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E então, vai me dizer que não dançou também? Ah, vá!


quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Mira da Cegonha

Desabafo de uma futura mãe:

D. Cegonha, este recado é diretamente pra você!

"- Na última semana fui informada da gravidez de duas amigas. Claro, fiquei felicíssima por elas, até me emocionei. Mas vamos analisar aqui uma coisa:  tô vendo que a entrega está bem eficiente, então FAZ O FAVOR DE ME COLOCAR LOGO NESSA LISTINHA AÊ!!!
Sei, migratória ave, que "cada um tem a sua hora" e  não tenho a menor duvida de que "Deus sabe o momento de cada um". Também já ouvi "quando vocês esquecerem, vai acontecer". Está certo, eu, racionalmente, acredito em tudo isso. Juro! Está claro, divulgado por diversos estudos, que a ansiedade só atrapalha e blá, blá, blá, etc e tal, mas, entenda o meu lado, a gente passa anos evitando uma coisa de todo o jeito e, quando optamos por ela, nada acontece. Fica difícil "esquecer" depois que isso está decidido, compreende? Desde que resolvemos parar com os contraceptivos, já foram "contempladas" três primas, a esposa de um primo, cinco amigas minhas e ainda três esposas de amigos de Ronei. Pelo menos duas dessas aí nem planejavam essa encomendinha desdentada pra agora. Então, minha querida, dê uma olhadinha pra confirmar se você não pulou meu nome aí na lista! Ah, só não me venha depois querer compensar o erro entregando dois produtos de uma vez, ok? Grata!"

Imagem  aqui



segunda-feira, 23 de abril de 2012

Velha infância


 "E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?"



Estava ainda no jardim de infância quando o conheci. Era só mais um dos meninos bagunceiros de minha turma. Eu, por outro lado, era uma garota estudiosa, mas longe de ser a mais bonita ou popular. Lembro-me de uma festinha de São João na escola, daquelas em que a gente passa semanas ensaiando com o par. O meu ensaiou comigo por todo o tempo, mas na véspera resolveu me trocar pela mais cobiçada menina da sala. Ofereceu duas figurinhas de álbum ao par dela e o garoto aceitou. Só que o rapazinho filho da mãe não apareceu no dia da festa e eu fiquei sem par, não dançando na apresentação. Anos depois descobriria sua identidade. Era ele. 

No início do ginásio muita gente saiu da escola, o colecionador de figurinhas foi junto.


Quinze anos depois, o finado orkut (que separou tantos casais), acabou por promover um reencontro virtual. Participávamos da mesma "comunidade" do antigo colégio do primário. Conversa vai, conversa vem, tal qual Eduardo e Mônica, trocamos telefone, depois telefonamos e decidimos "se" encontrar. Bom, não fomos ver um filme do Godard, mas devia ser tão chato quanto, pois nenhum dos dois se interessou pelo tal dO Mercador de Veneza (eu juro que tentei!)

Vieram então muitas lembranças daquela velha infância, algumas não tão agradáveis (pô, o lance das figurinhas foi sacanagem!), vimos que os nossos caminhos, mesmo tão diferentes, acabaram por se cruzar num momento bom para nós dois, já de maturidade, de trabalho, de estudo. Tantas coisas em comum e tantos pontos diferentes, certamente um convite para um -sempre interessante- exercício de compreensão. Três anos depois decidimos aceitar o desafio da convivência sob um mesmo teto e nos casamos. E mais três anos se passaram desde aquele dia tão especial.

Por tudo isso, queridos leitores,  peço licença para fazer este post comemorativo aos nossos TRÊS ANOS de casados. Nem tudo foram flores, é verdade, mas quem disse que seriam? Que venham muitos outros, sempre pautados em respeito, confiança e amor.

É com você, meu marido, meu melhor amigo, que eu quero compartilhar tantas coisas importantes que desejo para mim. É com você que eu quero gerar os filhos que há tanto tempo fazem parte dos meus sonhos. E que teus olhos os guiem como me guiam. Eu te amo!



domingo, 15 de abril de 2012

Pulantes

Há muito tempo, mesmo antes de nos casarmos, eu e Ronei nos divertimos observando as "crianças dos outros". Notamos que elas têm ao menos um comportamento padrão: seja aqui em Salvador ou em qualquer outra parte por onde já estivemos, elas não caminham, e sim saltitam, ou melhor, pulam mesmo! Por conta dessa observação, as apelidamos secretamente (?) de "pulantes"! É como se a energia contida dentro daqueles minúsculos corpinhos, que até outro dia sequer sabiam ficar de pé, precisasse ser colocada para fora de uma vez! Eles não conseguem caminhar por muito tempo sem dar um pinotezinho, por menor que seja. Sempre rimos e imaginamos como se comportarão os nossos pequenos. Serão pulantes também?


Lembro-me que eu mesma, na infância, não fui diferente das amostrinhas de gente que vemos hoje. Adorava pular, dançar, correr e agradeço à oportunidade que tive (valeu, mãe. Valeu, pai. Valeu, irmãos!) pra transformar minha energia potencial em cinética. Durante um certo tempo eu e minha irmã fizemos balé. Eu adorava! Usávamos o tradicional collant rosa claro com mini-saia volante de tule, meia-calça e sapatilha. Até hoje sei fazer a meia-ponta com o pé beeeem esticadinho (tá, eu sei, isso não me serve mais pra nada). Fizemos algumas apresentações na época, uma bem grande, num teatro (mãe, qual foi o teatro?), minha irmã fez a árvore e eu fiz o macaco (não me lembro qual outro papel fizemos, só lembro que eu dançava e me coçava e que Keu dançava e balançava os "galhos"! kkkk). Ah, a música principal foi "Amanhã" de Guilherme Arantes. Tenho uma foto perdida em algum lugar, se eu achar, coloco depois no post, prometo!


Imagem aqui

Desses deliciosos tempos da dança, uma música ficou guardada na minha lembrança. Aliás, não era exatamente uma música, mas apenas um trechinho dela. Era uma lembrança tão embotada que por vezes eu me perguntava se era mesmo real ou invenção da minha cabecinha criativa. Aí, benditos tempos cibernéticos, recorri ao novo pai dos burros e não é que ele achou pra mim? Fiquei tão feliz que tive que compartilhar:



A Bailarina

Lucinha Lins






Um, dois três e quatro
Dobro a perna e dou um salto
Viro e me viro ao revés
e se eu cair conto até dez

Depois essa lenga-lenga

toda recomeça

puxa-vida, ora essa
vivo na ponta dos pés

Um, dois três e quatro
Dobro a perna e dou um salto
Viro e me viro ao revés
e se eu cair conto até dez

Depois essa lenga-lenga
toda recomeça
puxa-vida, ora essa!
vivo na ponta dos pés

Quando sou criança
viro o orgulho da família
giro em meia-ponta
sobre minha sapatilha

Quando sou brinquedo
me dão corda sem parar
se a corda não acaba
eu não paro de dançar.

Sem querer esnobar
sei bem fazer um gran de car
E pra um bom salto acontecer
Me abaixo num demi plié

Sinto de repente
uma sensação de orgulho
se ao contrário de um mergulho
pulo no ar um gran jetté

Quando estou no palco
entre luzes a brilhar
eu me sinto um pássaro
a voar, voar, voar

Toda Bailarina
pela vida vai levar
sua doce sina
de dançar, dançar, dançar


E assim segui crescendo, a dançar, dançar, dançar. Os tempos de balé se foram junto com a infância, mas de vez em quando me pego dando os tais "pulinhos" enquanto caminho, basta estar muito feliz!

E vocês, já notaram por aí esse comportamento "pulante" dos pequenos? Se ainda não viram (como se diz aqui na Bahia), "reparem só" e depois venham contar!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Mini-blog de papel - Parte III

"Au, au, au. Hi-ho hi-ho. Miau, miau, miau. Cocorocó
o animal é tão bacana, mas também não é nenhum banana!"


Começo o post com essa música deliciosa dos Saltimbancos pra trazer o assunto do dia: Bicharada.

No final do último "episódio" do Mini-blog, conto que há no meu velho diário um "post de papel" sobre os animais de estimação que tínhamos lá em casa. Vamos a eles:


05/10/89

Querido Diário

Hoje eu tenho tanta coisa pra te contar.
Aqui em casa tem 11 animais: 3 cágados, 2 canários e 6 periquitos.
Passarinho é uma coisa linda, né?
Tem um filhote aqui, um periquito amarelinho, que é uma graça, mas, coitadinho, não sabe voar e os outros periquitos ficam assustando ele.
Sabe onde eles, os periquitos, ficam? Num viveiro!
Os canários ficam na gaiola e os cágados ficam cercados por muitos tijolos.
Mateus é o dono deles e nesse momento ele está ditando as palavras e ao mesmo tempo me perturbando.
Mudando de assunto, eu conheci uma vizinha que se chama Aline, ela veio aqui em casa ontem, mas ela ficou calada.
Ela tem 7 anos e é maior que eu, estuda a segunda série. Ela tem dois cachorros, gosta muito de brincar, principalmente com os meus patins. Ela tem uma risada engraçada.

Eu acho que já falei muito 'ela' hoje, né?

Tchau"
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Vou começar a comentar pelo final, desta vez: 
Notaram que "ontem" eu conheci a tal vizinha, que ficou calada, mas no dia seguinte ela já dava sua 'risada engraçada' e gostava 'muito de brincar, principalmente com meus patins'! Intimidade é fogo!!! rsrsrsrs

Mas vamos lá, 'passarinho é uma coisa linda, né?' Tão fofinha essa menina, gente. Quem resiste? 

Na verdade eu e meus irmãos tivemos vários animais lá em casa durante a infância, alguns deles bem pouco convencionais. Ficavam no terceiro pavimento da casa, onde estavam a horta, os viveiros e a área de serviço. 

Ai vai uma listinha, acompanhada dos melhores (?) momentos dos bichinhos:
  • cágados - pequeninos e com grande reflexo pra se esconderem em suas carapaças. Um deles foi jogado por engano na lixeira pela diarista, pra desespero do meu irmão, que o recuperou antes do lixo ser recolhido. 
  • periquitos australianos - foram roubados lá de casa em um fim de semana em que estávamos viajando. Ah, roubaram as toalhas que estavam no varal também! Desconfiamos que foi pra abafar o grito deles por socorro. Ficamos muito abalados com isso.
  • canários belgas - tiveram o mesmo triste fim dos periquitos.
  • codornas - também habitavam um viveiro. Produziam muitos ovinhos, mas tinham uma inhaca danada! 
  • coelho - comeu a horta inteira, pra alegria das crianças que não gostavam de couve e alface. Quem ficou brava mesmo foi a mamãe...
  • minhocas (minhoca conta?) - tinha um monte na horta. Eu e Mateus fazíamos com elas experiências de cunho científico...
  • peixes - companheiros por longo tempo de nossas vidas, viviam em um aquário muito legal que meu pai mantinha. Morreram misteriosamente após uma inocente experiência de cunho científico...
  • Jandaia (Aratinga) - criados soltos pela casa, um dia resolveram conhecer outros horizontes e nunca mais voltaram (óbvio!). Os pequenos cientistas juram que não tiveram nenhuma participação nisso.
Eu me lembro que meu pai era o maior responsável por eles, ou ,ao menos, pela chegada deles. 

Nunca tivemos um cachorro ou um gato, apesar da nossa insistência infantil. Me lembro que Indy, o poodle de tia Inez, passou uma temporada lá em casa quando meus tios saíram de férias. Pudemos com ele avaliar a decisão dos nossos pais em não criar um animal de maior porte: quando não fugia, dava muito trabalho dentro de casa!!!

Achei muito válido ter convivido com essas criaturinhas. Cada uma com seu modo de sobreviver, nos ensinando a ter responsabilidade, cuidado, amor (e também importantes descobertas de cunho científico!)

Ronei, por outro lado, quando criança, teve passarinho, gato e cachorro. Ele também morava em uma casa e tinha um grande quintal pra dar conta dos bichos..

Hoje, casados, moramos em um apartamento, não temos empregada doméstica. A estrutura é totalmente diferente dos lugares onde crescemos. Até tentamos ter conosco uma endiabrada adorável cadelinha beagle chamada Meg. Infelizmente a experiência (que não era de cunho científico, juro!) não deu certo. Ela ficava muito tempo presa e sozinha, o que não é adequado pra animal nenhum desse porte. Quando ficava solta, destruía a casa.

Ainda queremos dar aos nossos filhos a oportunidade de crescerem tendo um animalzinho pra cuidar, pra brincar, mas pensar nisso enquanto moramos num apartamento está realmente difícil. 

Pra finalizar, vejam nesse vídeo uma linda demonstração de convivência entre uma pequena e seu bichinho:


Se você já passou pela experiência (de cunho científico ou não) de criar um animalzinho, entre na discussão:
TER OU NÃO TER UM ANIMAL DE ESTIMAÇÃO? EIS A QUESTÃO!


UPDATE

Desculpem-me, mas esqueci de colocar o vídeo abaixo na postagem original, porém amo tanto essa menininha com o esquilo que não podia deixar de colocar aqui:

quinta-feira, 29 de março de 2012

Era uma vez

Estávamos aqui em casa a lembrar dos livros que marcaram a nossa infância. Incrível como o cérebro da gente traz de volta aquela sensação gostosa quando lembramos de algo que nos agradava, qualquer que seja a época da nossa vida. Assim, desse jeito gostoso, fomos lembrando de estórias e histórias e de como seria bom ler para os nossos -futuros- pequenos os livros que nos divertiram tanto.

Seguem três dos meus prediletos, que marcaram distintas fases:

O vento. De Mary França com ilustrações de Eliardo França.

É um livro de poucas páginas, em cada uma delas uma ilustração e uma frase do tipo "O vento levantou a saia da fulana*", "secou as roupas do varal de sicrana*". E termina assim: "E o vento levou para o céu o meu avião de papel". Muito fofo! Apesar da lembrança recortada (que, confesso, o Google ajudou a recuperar alguns detalhes), foi um livro que me encantou com sua figuras inusitadas. Lembro da mulher apavorada segurando a saia... :) 

Imagem aqui

As Três Caixinhas. De Regina Vieira. 

Um livro tipicamente infantil. Um reino, uma princesa, um oráculo, três caixinhas e muita sabedoria pra usá-las na hora certa. Ensina sobre paciência, sobre valores e, sobretudo, respeito. Cada caixinha um mistério, cada uma será aberta ao seu tempo. O que conterá em cada uma delas?


Imagem aqui


Quem Roubou Minha Infância. De Maria da Glória Castro. 

Um livro muito marcante pra mim. Uma professora de Português promoveu um concurso de redação e EU GANHEI! A leitura desse livro teve então esse gosto especial, eu devia ter 11, 12 anos, já era uma pré-adolescente. Ele narra a estória de uma menina que sofre rejeição materna (não lembro agora se era da mãe ou da madrasta). Ela tem um grande talento para tocar piano e encontra na professora e no amor à música, coragem pra vencer os infortúnios e procurar a própria felicidade. 


Imagem aqui


Pollyana. De Eleanor H. Porter.

O que dizer de Pollyanna, gente? Ela caiu em minhas mãos por acaso, numa das muitas tardes que passei na casa de tia Rita, que mantinha no "quartinho da bagunça" de casa uma prateleira cheia de livros interessantes, que não escapavam das minhas incursões nos dias em que eu acampava por lá. Já comentei aqui que era uma companhia presente para as minhas primas mais novas e por isso guardo em mim muita coisa boa vivida por lá. Pois bem, será que alguém não conhece a menina-órfã Pollyanna e o Jogo do Contente que seu pai a ensinou antes de morrer? Pollyanna vai morar com uma tia bem rabugenta e, por mais que coisas ruins aconteçam, ela sempre vê o lado bom de todas elas. Um exemplo de vida! E então, que tal jogar hoje o Jogo do Contente? 



Imagem aqui

Bairro dos Estranhos. De Wilson Frungilo Júnior.

Outro livro da "biblioteca" de tia Rita. O primeiro livro espírita que li. Claro que nesse momento eu me interessava pela estória e não pela Doutrina, mas para aquele momento, foi o suficiente pra me despertar. Lembro que eu pulava os parágrafos que explicavam algumas coisas mais detalhadamente. Que coisa!!! Hehehe. Li o mesmo livro outras vezes, já mais velha, tendo então paciência e maturidade pra entender o conteúdo. Ele narra a vida de um pai que perde a esposa em um acidente de ônibus e se vê sozinho para criar sua filha pequena. Pobre, passa por grandes necessidades e encontra pessoas valiosas que o ajudarão a compreender as coisas desta e da "outra vida". Tenho um carinho muito grande por ele!


Imagem aqui

Se você é um leitor realmente atento, deve estar se perguntando a essa altura: "Ela não disse lá em cima que seriam três livros?". Sim, falei mesmo, mas não tive como conter mais dois deles na peneira mental das memórias infanto-juvenis, então cometi essa "malcriação". Fui obrigada a deixar muitos outros para trás, acreditem. rsrsrsrs

Pra quem ficou com o dedo coçando pra virar a página de algum desses descritos por mim ou por outros que tenham vindo à lembrança, recomendo o site Estante Virtual, onde vários sebos de todo o Brasil estão reunidos para venda de livros usados pela internet. Uma delícia de passeio, garanto!

Vamos ler, minha gente!!!!

E você? Lembrou de algum livro que marcou sua infância/adolescência? Comente aí!




domingo, 11 de março de 2012

Mini-blog de papel - Parte II


Depois do post Mini-blog de papel (campeão de visualizações até hoje), muitos amigos me perguntaram sobre outras aventuras vividas naquela época, por isso decidi transformá-lo em uma série, assim, uma vez por mês, teremos um post revival.


"10/08/89

Querido Diário,

Ontem fui à Catequese, sabe, porque em dezembro eu vou fazer a 1ª Comunhão.
Quem me dá aula é a diretora do meu colégio, Elzi Carvalho.
Eu gostei muito de lá e da aula. Todas as quartas-feiras tem aula e eu já comecei a gostar.
Faltam 5 dias pro meu aniversário, né? Cai em dia de terça-feira, um dia antes de eu ir para a catequese. Eu acho que era só isso que eu queria contar.
Tchau"

 Deu pra perceber que eu desde sempre fui uma menina simpática, ordeira, mas de vez em quando revelava  uma certa irritação:


"16/08/89


Querido Diário.


Ontem foi o meu aniversário e eu só ganhei presente de meu pai e minha mãe. Os presentes foram: uma argola de pérola (pequena e falsa), um conjunto verde, uma camisa azul e um prendedor de cabelo.
Hoje teve catequese e eu não gostei tanto quanto da outra 4ª feira. Eu cheguei um pouco atrasada por causa de Silvana (minha prima) porque ela é muito lerda.
Tchau"

Que zanga! kkkkkkkkkkkkk

Sentiram a decepção no "só ganhei presente se meu pai e minha mãe"? Pô, em plena terça-feira eu esperava ganhar presente de quem? Do padeiro?

Engraçado, até hoje me lembro do tal brinco de pérolas. Na minha cabeça era algo tão caro que achava que meus pais não poderiam comprar. Tempos depois li essa página pra mamis, que, rindo da minha inocência, retificou a informação.

Silvana é uma prima que morou alguns anos conosco e, por ter minha idade, praticamente fazíamos tudo juntas naquela época. Claro que rolavam umas farpas de vez em quando!

E, finalmente, o grande e emocionante dia:


"26/11/89


Querido Diário,


Ontem foi minha primeira comunhão. Foi linda, diário. Muita gente chorou, eu só chorei um pouquinho.
A hóstia é muito gostosa, mas o vinho é um pouquinho, sei lá, parece que é azedo, amargo, só sei que é um gosto estranho.
Eu gostei muito desse dia. Minha colega chorou tanto, mas tanto.
Nasceram 3 filhotes de canário e morreu um, foi uma pena.
Tchau"

A hóstia é muito gostosa???? Fala sério!!!! Farinha e água!!! Mas bom mesmo foi a descrição do vinho, de dar orgulho a qualquer sommelier! Hehehehe

Alguém me diz porque não escrevi o nome da minha colega que "chorou tanto, mas tanto"? Mais uma informação perdida para todo o sempre.

Em página anterior a essa eu escrevi sobre os animais de estimação que tínhamos lá em casa, mas esse é outro tema a ser postado. ;)

Aguardem mais do mini-blog no próximo mês!

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