terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

É "inzame"?

Quem já caminhou em Salvador pelas imediações do Relógio de São Pedro pode ter recebido inesperadamente um panfleto pelo meio das fuças acompanhado por um grito preguiçoso (só se vê na Bahia):
-É 'inzame'? É 'inzame'? 'Inzame de vis-ta', Raio-Xi-is, Ultra-so-om.
Um desavisado não entende de primeira que elas estão tentando capturar captar clientes a procura de exames para novos óculos, dentaduras etc. Momento cultural à parte, vamos ao foco do post, pois esse foi só um parêntese para ilustrar o momento Tentante que vivemos agora:

É "inzame" pra caramba pra fazer!!!!
Na semana passada fui a uma consulta com a minha nova médica, que na ocasião disse que precisava me conhecer melhor. Bem, já vi alguém querer conhecer o outro por dentro, mas nunca de forma tão literal. Eu explico: além dos exames comuns a que nós, mulheres, somos submetidas em visitas periódicas às nossas gineco/obstetras, recebi nada menos que cinco (!) páginas de solicitações, sendo que apenas uma, uma única paginazinha, com um único exame, era pro futuro painho! E é só o começo, disse-me ela. É que essa primeira bateria corresponde aos exames básicos (coletados dos mais variados fluidos humanos e retratando diversos órgãos internos). A depender dos resultados, outros exames virão.

Então tá, uma coisa puxa a outra, é bom fazer uma visita ao cardiologista e ao endocrinologista pra fazer o check-up anual e ver a quantas andam a pressão arterial e a bendita tireóide, que deram um pouco de trabalho nos últimos anos (afinal, a futura mainha não quer passar pelos riscos de uma pré-eclâmpsia ou de um hipotireoidismo durante a gravidez, certo?).

Requisições a postos, mãos à obra:
  • 47 (!) exames de laboratório em 4 visitas;
  • 4 USG de variadas partes do corpo;
  • 1 RAIO-X de tórax;
  • 1 Ecodopplercardiograma;
  • 1 Ecocardiograma;
  • 1 Teste de Esforço Físico
Hum, acho que meu plano de saúde não vai gostar nada disso!!!

Destaque agora pro meu cardiologista, um homem com cerca de 50 anos, com uma barriga enooooorme, que, enquanto eu arfava corria na esteira para o teste de esforço físico, contava à auxiliar do consultório que ele mesmo comprou as carnes para a feijoada do fim-de-semana! E com que moral  este senhor me aconselhou, ao final da consulta, a fazer mais exercícios físicos e comer menos sal? Hein? Hein?

Pra finalizar, um video engraçado (e velhinho, concordo) sobre agulhadas: 



sábado, 25 de fevereiro de 2012

Das lições que aprendi - e dos exemplos que quero dar

Outro dia vi mãe e filha usando vestidos do mesmo tecido e a menina olhava atentamente para a mãe enquanto esta explicava-lhe algo. Daí lembrei de quantos exemplos, conselhos, modelos aprendi com a minha mãe. Sei que ela fez o que estava ao seu alcance pra dar a mim e aos meus irmãos o que havia de melhor dentro dela e, ainda que fosse menos do que ela gostaria, contribuiu para formar o que nós somos hoje. E não falo só de coisas materiais, falo de valores, de filosofia de vida e é por isso venho citar 3 lições que aprendi com ela e que pretendo replicar aos meus rebentos:

1 - Mulheres ao volante:

Numa época em que poucas mulheres trabalhavam fora de casa, ela bravamente rompia as barreiras do preconceito e não só contribuía com o orçamento doméstico como ainda dirigia um automóvel! Quem tem ou já teve um volante em suas mãos sabe o que isso significa. Liberdade! A quantos lugares pudemos ir com ela (teatro, natação, médicos, casa das tias) pelo simples fato dela ter uma carteira de motorista e dirigir! Isso fez toda a diferença pra mim quanto chegou a minha vez de enfrentar meus medos e conseguir minha habilitação.


Ah, claro que também tivemos inúmeras oportunidades de fazer esses trajetos também de ônibus, o que só contribuía pra valorizarmos o nosso fusquinha!

2 - Querer é poder:

Vivemos incontáveis situações onde o futuro parecia não muito animador, mas pense numa pessoa de coragem! Ela nunca achava que era impossível e melhor, nunca achava que seria ruim recomeçar. E foi  com um monte de recomeços que crescemos. Eu me lembro bem dela dizendo: "Crie um quadro mental daquilo que você quer, não pense em como vai fazer pra conseguir, mas pense todos os dias, com fé, nisso. O universo se encarregará de levá-la até lá!" E não é que funciona? Faço sempre!!! Acho que dispensa comentários do quanto aprender a acreditar em si, a confiar no Divino, é importante na vida do indivíduo!

3 - Os chicletes que não paguei:

Por último, talvez o "carão" mais importante da minha vida.
Eu tinha cerca de 8, 9 anos, no máximo. Estava com o meu chato adorável irmão nas Lojas Americanas e, passando pela sessão de doces, peguei um chiclete de caixinha, abri e masquei. Ele me olhou com cara de cúmplice, mas, em poucas horas, após uma briguinha entre nós, claro que o pestinha me delatou. Bem, levei um sabão daqueles, minha mãe não admitia essas coisas. Argumentei: "Mas mãe, foi só um clicletinho!". Ela, pura sabedoria, me falou uma frase da qual nunca esqueci: "Filha, quem tem coragem de roubar um chiclete poderá um dia ter coragem de roubar um banco!". Tá, podem achar um exagero essa comparação, mas o que valeu mesmo foi a lição por trás dessas palavras. Hoje eu trabalho num banco e se ela não tivesse me corrigido naquele momento eu poderia hoje pensar mil formas de ser desonesta e surrupiar o dinheiro dos outros.
Não serei modesta, não: Tenho o maior orgulho da minha mãe!!!!



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Pré (ocupação) Escolar

Post especial escrito por um futuro "Painho"

A maioria dos pais de primeira viagem faz mil planos para seus pequenos. Entre esses planos, está talvez, um dos mais decisivos quanto à formação da personalidade: a escolha da escola. Vejo os amigos às voltas com esse problema. Eu disse AMIGOS, já que não conheço nenhum homem que goste, por exemplo, de frequentar sequer reunião de condomínio, que dirá de aporrinhações temas como "definição de metas pedagógicas para o ano letivo." Aí podemos nos perguntar "Pô, não basta o moleque aprender? No meu tempo não tinha essas merdas, bastava passar e pronto!" Mas, hoje, ser pai é coisa de profissional, meu amigo. Além do fato de você ter de acompanhar a esposa nessas reuniões! (caso a professora seja uma ruivona peituda que sempre usa uma saia menor do que o decoro magisterial permita, você será dispensado, acredite).

A seguir, minha opinião formada sobre certos aspectos para o tema: Adentrando a escola, suas atividades passarão desde perguntar se há punição caso o moleque saia colocando apelidos nos coleguinhas (no meu caso, acho que terei realmente problemas a tratar com meus filhos...), até inspecionar o banheiro da escola. Sim, senhor. Vai que você depara com um "cú" em letras garrafais? Que tipo de escola é essa, que não ensina as regras de acentuação direito? Absurdo! Sem falar que é no toilete que podemos conhecer o meio social dos alunos. Quem nunca leu um "fulana é galinha", um singelo coração ou mesmo uma piroca com o nome de alguém dentro? Isso me faz lembrar que eu MORRIA de medo de meus pais usarem desse expediente. Não que eu tivesse algo a esconder...Meu medo era que reconhecessem ali a minha caligrafia ou algum desenho de professores sendo empalados, que por coincidência, lembrassem meus traços.


Aí vem a parte onde a pedagoga ou qualquer coisa que o valha começa a listar as metas. E com elas, a mulherada presente inicia as perguntas, já com a intimidade de quem frequenta essas reuniões QUANDO AINDA ERAM ALUNAS:
-Eu gostaria de saber se às sextas-feiras haverão atividades extra-classe. Isso deixa o Caio Felipe de mau humor, e estraga todo o meu fim de semana!
Antes da pobre profissional abrir a boca para seguir adiante, mais essa:
-Vai ter lanche macrobiótico na cantina? A Maria Clara está com mais de 30 quilos! Ah, e por favor, vamos melhorar o estacionamento, né? Andar 50 metros num salto 15 é uó!
Nisso, a reunião termina, e não sai nada relevante. A coordenadora só balbuciou algumas palavras, o que a faz ser mais participativa que você, que por sinal, estará de parabéns se não sacou o celular em busca de um joguinho salvador, além do fato de que perdeu a final do campeonato egípcio na ESPN por conta dessa bendita reunião. Pior: a próxima estará agendada para o mesmo dia da abertura do Mundial de Curling.

Sim, meu amigo. Ser pai é perder as rédeas da sua vida. Tudo em nome de um bem menor (de idade). Ah, e como se não bastasse, depois dessa trabalheira toda, o boletim ainda pode vir em cores variadas. E se for esse o caso, será que você tem a moral para cobrar desempenho escolar e comportamental? Espero que meu filho não leia isso aqui, pois eu respondo: Por via das dúvidas, evite matricular em escolas onde você foi persona non grata. As chances da diretora ser ainda a mesma que o perseguia injustamente são grandes, e ela vai dedurar seu passado para seu pequeno. Certeza. Evite também qualquer instituição onde alguma vítima de seus tempos de escola trabalhe. Mais do que nunca, o dito popular “aqui se faz, aqui se paga” pode tornar-se uma amarga realidade.

Ronei Dias

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Papel de bobo?

Quem nunca presenciou uma cena onde um adulto faz um papel ridículo cômico de fazer caretas, falar infantilizadamente, imitar um bicho ou pagar qualquer outro tipo de mico pra entreter e agradar uma criança? Outro dia foi lá onde trabalho. O público aguardando o atendimento e, de repente, passa uma mulher na minha frente correndo no melhor estilo "TIRANOSSAURO REX". Pense numa cena que destoa totalmente do ambiente em que nos encontrávamos... Olhei adiante e lá estava a "vítima", escondida atrás do totem de informações, rindo e dando pulinhos de excitação. Confesso que ver aquilo tornou mais leve o meu dia.
Engraçado como a criança provoca esse efeito nos pais, avós, amigos e até mesmo desconhecidos. E o melhor, qualquer mico é justificado por causa delas. Lorna comentou sobre isso no post "Pequenos Contratempos". Vejam o vídeo citado por ela logo abaixo:


Esse vídeo faz parte de uma campanha de Early Childhood Development, que visa educar e informar os pais, avós e cuidadores sobre a importância da qualidade no início experiências de aprendizagem sem esperar que apenas a escola faça isso. Dão dicas fáceis e divertidas para a "aprendizagem em movimento" para impulsionar o aprendizado durante atividades cotidianas, como fazer compras no supermercado, cozinhar, ajudar nas tarefas domésticas, enfim, fazer com que o mundinho deles entre em contato com o nosso de uma maneira lúdica e criativa.

E por que não tentar? Na verdade, faz papel de bobo aquele que acha que criança não merece essa entrega.


sábado, 11 de fevereiro de 2012

Big Brothers

Se está pensando que vou falar do reality show televisivo, vai dando meia volta porque está redondamente enganado. Estou falando é disso aqui,ó:


Isso mesmo, IRMÃOS! Tenho dois e não posso dizer que minha vida teria sido melhor sem eles (a da ponta-esquerda e o meio-de-campo na foto acima). Pelo contrário! Cada um com sua característica particular de personalidade (que encaro como opostas complementares), me fizeram crescer aprendendo a lidar com essas diferenças. Acho que foram a minha primeira lição de resiliência.

Historicamente, a família brasileira tem diminuído de tamanho (a tv a cores e as redes sociais tem fundamental papel nisso) e é fácil encontrar casais que não querem filhos ou que não possuem grana (ou acham que não) pra dar-lhes uma vida de conforto e tals como esperam, por falta de tempo, por acharem que o mundo não comporta mais ou por algumas daquelas dúvidas que já levantei aqui no blog. Ainda há aqueles que, por planejamento ou por "acidente", optam por ter um único filho, no máximo dois. Pois bem, agora tente lembrar dos casais por volta dos 40 anos que você conhece. Quantos deles têm três filhos ou mais? Poucos, aposto! Eu não conheço nenhum!

Aqui em casa? Bom, hoje - que não temos nenhum - queremos dois e, de (minha) preferência, em gestações separadas. Acho importante ter irmão. Você aprende a dividir as alegrias e as dores, aprende a separar, aprende que não é o centro do universo, aprende um monte de traquinagens, aprende a ter cum-pli-ci-da-de. Ou deveria aprender. O fato é que estar exposto a isso já é um exercício e tanto! Pra mim valeu muito a pena. A julgar pelas engraçadíssimas passagens relatadas nos meus diários, apesar além de tudo, foi muito divertido.

Irmãos, amo vocês um tantão assim! \o/

P.S. A garotinha sentada no penico na foto que marca o blog é minha maninha, prontinha pra balbuciar um "Mã, atabei"!!! Fofa demais!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Pequenos contratempos

É comum ouvir das criaturas que têm filhos a frase "aproveite enquanto ainda não os têm, porque depois...". Essas reticências me dão calafrios! Acho mesmo que ninguém, antes de tê-los, tem a real noção da abnegação, da entrega, da mudança que acontece com a chegada de tão (in)dependentes pessoinhas. Não adianta dizer que já teve experiencia com o sobrinho, com o filho da vizinha, com o cachorro ou com a samambaia predileta da mãe, é certo que com o seu filho a coisa será bem diferente. Aí te perguntam: "Tá pronta pra isso?" Sério que querem a resposta? Alguém, nesse mundo de Meu Deus, pode dizer com plena certeza de que está? Porque quando você imagina o seu filho, ele é um fofo, saudável, amoroso, estudioso e todos os outros "osos" de que é capaz de desejar. Mas a vida não é assim. Tem os sustos das febres, das quedas, as brigas, os desvios de comportamento e tantas outras coisas que, se você pensa muito, recua e desiste do desafio. Então tá, respondo que estou pronta, mas que morro de medo. Pode ser?

Uma amiga contou algo bem simples dias atrás que é um exemplo pequeno e engraçado desses imprevistos. Estava com a família numa festa de Reveillon, poucos minutos antes da virada do ano. Seu filhote, de apenas 3 anos e em fase de "desfralde", a chamou: "Mainha, quero fazer cocô". Ela "Filho, espera um pouco, vamos ver o ano novo chegar!". Ele a olha por 30 seg, aumentando a careta... "Mas eu quero agora". Ela corre com ele pro banheiro, limpa o vaso, forra, o coloca sentadinho e ouve os "pow, pow, pow" (dos fogos lá fora!). Respira fundo, resignada, abraça o filho - ainda no vaso - desejado-lhe um feliz ano novo. Eis que o pequeno termina, ela o limpa, lavam as mãos e saem juntos, quando enfim ela pode cumprimentar o marido e os outros familiares. Meia hora depois o pequeno pergunta: "Mãe, a gente não vai?". Ela:"Pra onde filho, pra casa?". Ele: "Não, ver o Ano Novo chegar!". Óbvio que ele não fazia a mínima idéia de quem era esse cara...

Outbrain